Domingo, 19 de Setembro de 2010
A mentira compulsiva no (des)governo...

Eu já andava desconfiado, mas agora a dúvida dissipou-se de vez: mentir compulsivamente, alastra no (des)governo português. Eu explico!

Tarde e a más horas, ficámos a saber que o "Governo anula TGV entre Lisboa e Poceirão e terceira travessia do Tejo", sob o pretexto mais do que conhecido de que "não existem condições económicas e financeiras". Grande novidade...

PSD e CDS-PP há muito que vinham alertando que a teimosia "sócretina" era perigosa para o futuro do País; curiosamente - ou talvez não -, a esquerda (BE e CDU) apoiava o projecto.

Já no dia 13, Paulo Rangel recordava que o governo "continua com TGV's e terceiras travessias, continua a não dar qualquer sinal de responsabilidade. Pelo contrário, parece estar a querer governar para captar votos numa altura em que deveria estar a governar para resolver problemas gravíssimos no país que vão ter consequências sociais muito sérias no curto/médio prazo".

O "socrático" PM e "sus muchachos" faziam "orelhas moucas"...

E quando Jorge Costa reagiu à notícia da anulação e disse que "cada vez que o Governo vai a Bruxelas toma decisões deste tipo", lembrando que "se o governo reconhece isto [falta de capacidade financeira para suportar o projecto], deverá ser consequente com todos os outros processos" logo, "cairam o Carmo e a Trindade".

Isto, porque o (des)governo - obrigado a abrandar este troço do TGV -, não quer deixar de acelerar logo que dê menos nas vistas, razão porque o PSD voltou a recordar ser imperioso que "a partir de agora, o PSD espera que o Governo seja consequente, porque se não tem condições financeiras para o projecto de TGV [entre Lisboa e Poceirão], naturalmente também não tem condições para o lanço entre Caia e Poceirão", bem como "com a renegociação de outras contratos que trazem elevados encargos ao país, nomeadamente as concessões no âmbito das parcerias público-privadas".

Quanto ao PCP, reagiu de imediato a duas vozes: a do deputado comunista Bruno Dias que "considerou que a ligação Lisboa-Poceirão da linha transporte de grande velocidade (TGV) é "um projeto indispensável" e que seria "gravíssimo para o desenvolvimento integrado da região e do país que não houvesse a construção da travessia do Tejo Barreiro-Lisboa" e a da Ana Teresa Vicente, presidente da Câmara de Palmela, para quem "o Governo deve esclarecer e é muito importante que fique clara a situação deste troço. A ligação entre Poceirão e Lisboa é indispensável, assim como a nova ponte nas vertentes rodo-ferroviária".

A mentira, imagem de marca "sócretina", surge na imediata reacção da ex-secretária dos Transportes, Ana Paula Vitorino, quando afirma que "estamos perante um 'fait-divers' relativamente a uma matéria que já se encontrava consolidada". Tentando concretizar, disse que "isto é a chamada não notícia, porque se trata apenas da formalização de uma decisão tomada desde maio e que não coloca em causa o projecto. Pelo contrário, face às condições mais gravosas do ponto de vista financeiro resultantes da crise internacional - e uma vez que iriam ficar fundos comunitários disponíveis pela existência de obras adiadas -, o Governo entendeu concentrar fundos neste projecto".

Eu sei que, agora, o (des)governo até já nos quer fazer crer que vai poupar o nosso dinheirinho, pois segundo o secretário de Estado dos Transportes, Correia da Fonseca, "o financiamento comunitário para o novo concurso do troço do TGV Lisboa/Poceirão poderá atingir 600/700 milhões de euros e lembrou que o anterior foi anulado em Maio". Porque não o negociou assim antes?

Em Maio, senhora ex-secretária de Estado e senhor secretário de Estado? Então, expliquem-me lá o porquê de, desde esse mês, nunca terem deixado de considerar o projecto como viável e imparável?

Vejamos:

"Os governos de Portugal, Espanha e França assumiram hoje, terça-feira, a execução das ligações ferroviárias de alta velocidade entre os três países como "prioridade política", instando a Comissão Europeia a dar prioridade e financiamento aos projectos", afirmação proferida pelo ministro do Fomento espanhol, José Blanco, numa mesa redonda realizada a 8 de Agosto em Saragçoa, com os seus homólogos português, António Mendonça, e francês, Dominique Bussereau.

Mas a mentira continuou...

António Mendonça, ministro das Obras Públicas reiterou, a 28 de Julho, "que as obras do troço de alta velocidade Poceirão-Caia, na ligação Lisboa-Madrid vão arrancar em Setembro".

No Jornal de Notícias de 29 de Maio, podia ler-se:

"A construção do troço para o comboio de alta velocidade (TGV) entre Caia e Poceirão vai mesmo avançar. Em prol do fortalecimento da economia, a Oposição de Esquerda aliou-se ao PS para rejeitar os diplomas do PSD e do CDS-PP para suspender o projecto".

Nessa data, Ana Paula Vitorino acusava PSD e CDS-PP de "conservadorismo do tempo do país orgulhosamente só", e o secretário de Estado das Obras Públicas, Correia da Fonseca, "garantia que o projecto apoiará as pequenas empresas e que o investimento previsto não se reflecte no Orçamento de Estado para 2010, sendo diminuto (0,04% e 0,03%) esse reflexo nos anos seguintes".

Como são esquecidos, estes secretários de Estado! Ou serão mesmo mentirosos compulsivos, como o "chefe"?

Não esqueçamos nós que, já em Maio, havíamos atingido, de facto, o pico da crise:

"Pela primeira vez desde o início de Maio, altura do pico da crise de dívida soberana, a taxa de juro que os investidores estão a cobrar para comparem obrigações do Tesouro português a 10 anos superou os 6%, subindo cinco pontos base para 6,009%. A 7 de Maio a ‘yield' atingiu os 6,285%.

Esta subida, juntamente com a descida de quatro pontos base nas ‘yields' da dívida alemã da mesma maturidade, colocou o ‘spread' no valor mais alto de sempre, em 356 pontos base. Isto significa que os investidores nunca exigiram um prémio tão alto para comprar dívida portuguesa em vez da alemã, a referência no mercado europeu. O anterior recorde datava da semana passada, de 354 pontos".

Deixo-vos com uma pergunta crucial (dirigida, em especial, aos ainda crentes neste (des)governo):

Acham mesmo que o "sócretino" PM e "sus muchachos" tencionam deixar de lado as obras megalómanas? Não? Claro que não!

Ó Abreu...

Agora, "o Metro até Campolide é obra prioritária" e só "não avançará imediatamente, dado o imperativo de contenção de gastos".

Além disso, António Mendonça volta a garantir (tal como em Maio) que "o governo mantém a intenção de construir a linha de TGV entre Caia e Poceirão", acrescentando que "a Assembleia da República votou «maioritariamente a continuação do projecto»", respondendo, deste modo, ao repto lançado pelo PSD para que seja cancelada a construção do troço Caia-Poceirão.

Só que se levanta agora um "inesperado" problema:

O "consórcio luso-espanhol que viu concurso anulado no Lisboa/Poceirão diz que vai actuar na defesa dos seus interesses". O que é que esperavam? Mesmo assim, "eles" não desistem...

"O Ministério das Obras Públicas anulou o concurso para construção do troço entre Lisboa e o Poceirão, incluindo a nova ponte sobre o Tejo, da linha ferroviária de alta velocidade Lisboa/Madrid, mas prevê relançá-lo já a partir de Novembro". Segundo fonte oficial do ministério liderado por António Mendonça explicou ao Diário Económico, o objectivo "é reunir até Novembro os elementos todos para poder relançar o novo concurso de TGV no troço entre Lisboa e o Poceirão".

 

Até quando vamos tolerar o faustoso despesismo e a deliberada e permanente mentira deste desgoverno?

 

 



Publicado por rui.freitas às 02:45
Link do post | Adicionar aos favoritos

Comentar:
De
( )Anónimo- este blog não permite a publicação de comentários anónimos.
(moderado)
Ainda não tem um Blog no SAPO? Crie já um. É grátis.

Comentário

Máximo de 4300 caracteres



Copiar caracteres

 



O dono deste Blog optou por gravar os IPs de quem comenta os seus posts.

Agosto 2014
Dom
Seg
Ter
Qua
Qui
Sex
Sab

1
2

3
4
5
6
7
8
9

10
11
12
13
14
15
16

17
18
19
20
22
23

24
25
26
27
28
29
30

31


Posts recentes

Obituário (1): faleceu o ...

De mim, para todos...

Poupança ou... desperdíci...

Já assinou?

Mais uma derrota... que n...

Mais uma derrota... que n...

"Despachados" e secretari...

Até a(s) barraca(s) abana...

Levantando um pouco do vé...

A "importância" do PDM-Oe...

Perguntar, não ofende...

Fim das sondagens sobre o...

29 de Setembro, no Municí...

Até já!

Por esta, muito menos... ...

Por esta, não esperava eu...

Fiquei com uma dúvida...

Revisão do PDM de Oeiras

Apagar o fogo com... gaso...

Isabel Sande e Castro: a ...

Ai João, João...

A "importância" do PDM-Oe...

Ainda o PDM: BE questiona...

PDM Oeiras já está em dis...

"Palavra, depois de dita....

Há cada mistério...

Desfeito o "mistério"...

Esta, sim, é uma excelent...

Temos candidato à Junta d...

Vou Cabo Verde

Ou és por mim...

Arquivos

Agosto 2014

Dezembro 2013

Outubro 2013

Setembro 2013

Agosto 2013

Julho 2013

Junho 2013

Maio 2013

Abril 2013

Março 2013

Fevereiro 2013

Janeiro 2013

Outubro 2012

Maio 2012

Abril 2012

Março 2012

Dezembro 2011

Novembro 2011

Outubro 2011

Setembro 2011

Agosto 2011

Julho 2011

Junho 2011

Maio 2011

Abril 2011

Março 2011

Fevereiro 2011

Janeiro 2011

Dezembro 2010

Novembro 2010

Outubro 2010

Setembro 2010

Agosto 2010

Julho 2010

Junho 2010

Maio 2010

Abril 2010

Março 2010

Fevereiro 2010

Janeiro 2010

Dezembro 2009

Novembro 2009

Outubro 2009

Setembro 2009

Agosto 2009

Julho 2009

Junho 2009

Maio 2009

Abril 2009

Março 2009

Fevereiro 2009

Janeiro 2009

Dezembro 2008

Novembro 2008

Outubro 2008

Setembro 2008

Agosto 2008

Julho 2008

Junho 2008

Maio 2008

Abril 2008

Março 2008

Fevereiro 2008

Janeiro 2008

Dezembro 2007

Novembro 2007

Outubro 2007

Setembro 2007

Agosto 2007

Julho 2007

Junho 2007

Maio 2007

Abril 2007

Março 2007

Fevereiro 2007

Janeiro 2007

Dezembro 2006

Novembro 2006

Outubro 2006

Setembro 2006

Agosto 2006

Julho 2006

Junho 2006

Maio 2006

Abril 2006

Março 2006

Fevereiro 2006

Links aconselhados
Mais sobre mim
Pesquisar neste blog
 
blogs SAPO
RSS
Em destaque no SAPO Blogs
pub