Tive hoje (22-01-08) a oportunidade de assistir a dois distintos "espectáculos": primeiro, a audição Parlamentar (diria mesmo... para lamentar) do inspector-geral da ASAE na ARTv e, à noite, no "A Regra do Jogo" (SIC Notícias), o debate entre José Miguel Júdice e António Barreto.
Começo por estes, razão primeira para o título, eventualmente chocante, do post de hoje...
Se é verdade que, no dia a dia do comum dos cidadãos, é de todo aconselhável o uso do profiláctico - por razões cada vez mais conhecidas, já aos comentadores que "nos entram casa a dentro" - via televisão, rádios e jornais - é-lhes exigida (deveria ser...) opinião isenta, honesta, sincera. Caso contrário, fica-nos a sensação de que o destemido "artista" pode fazer o que lhe der na real gana, precavido que está com uma "protectora rede" que, em caso de queda, o manterá "sempre em pé"!
Foi esse o caso... Júdice, sempre bem protegido, escudando-se em cuidadosas e politicamente correctas apreciações; Barreto, sem medos, falando clara e abertamente, sem pruridos (até do Sr. Presidente da República), de forma a que todos o entendêssemos!
Por mim, ganhou o primeiro, porque me esclareceu e "falou a minha linguagem"...!
Vem isto a propósito e como introdução ao segundo "espectáculo":
A ASAE, mais uma vez! Ou, no caso concreto, ao audição Parlamentar do inspector-geral desta Polícia (atente-se no crachá, que o define...) - o austero e arrogante António Nunes, a pedido do CDS/PP.
Confesso que apenas ouvi o início da audição e tão só as sete (creio?) primeiras perguntas do deputado daquele partido, Mota Soares, resumidamente reproduzidas no Jornal da Noite da SIC, onde a deputada Rosário Águas (PSD) parece ter encontrado apenas um "pecado" ao dito senhor... o de ter fumado uma cigarrilha (e não um charuto, como referiu) na noite de fim de ano!
Só que, às tais sete perguntas, o sr. inspector-geral disse... quase nada! Respondeu apenas a duas, creio!
Às demais, justificou-se com a Lei e com a orgânica dos seus serviços... Que, como teve o cuidado de salientar, foram criados em 2005.
Ora, como não podia deixar de ser, associei a data à eleição de José Sócrates como Primeiro-Ministro! Vai daí... comparei, também, estes dois personagens, equiparando-os no despotismo, na "infalibilidade", na explicação estudada e "indesmentível", na arrogância e na "pontaria certeira" contra os "culpados", que somos, afinal, todos nós!
Grosso-modo, disse o sr. inspector-geral o seguinte:
- A ASAE "nasceu" da fusão de cinco ou seis organismos distintos que antes existiam. O que só poderá ser "novidade" para o sr. inspector-geral...
- A ASAE "limita-se" a cumprir a Lei. Mal seria, se assim não fosse...
- A ASAE, não aplica coimas (isso, compete a outra entidade), apenas levanta autos de notícia. E daí?
- O inspector-geral da ASAE não tem de conhecer todas as acções (cerca de 67.000, creio que é esse o número exacto) levadas a cabo pelos agentes no terreno... Claro que até entendo que não, mas isso trouxe-me à memória declarações recentes do ministro da Saúde... e não só!
- O inspector-geral da ASAE reincidiu na falta de humildade, ao reafirmar que, estava dentro da Lei, ao fumar a sua cigarrilha na passagem de ano... Estava num Casino!
Ó homem, português que seja sério, honesto e com "dois dedos de testa", não o irá mandar "prender" por isso. Qualquer um faria o mesmo... Mas admitiria que o teria feito pela mais lógica das razões: a descontracção dessa noite especial. Veja se percebe!
- A legislação porque se rege a ASAE, nem sequer é portuguesa... é europeia, referiu o sr. inspector-geral! Há que aplicá-la e "mai nada", digo eu!
Aqui, a minha memória retrocedeu a 2005 (ano da criação desta Polícia e da eleição de Sócrates), e "cheirou-me" a "limpeza de imagem"! Ainda alguém se lembra do contestatário discurso ("de manhã, de tarde e à noite") do secretário-geral do PS e ex-secretário de Estado do Ambiente contra o governo PSD? Já esqueceram? Eu, não...
Bem que o deputado Mota Soares deu exemplos:
- uma inspecção da ASAE (à hora do almoço) ao refeitório de uma escola, que obrigou as crianças a almoçarem só às cinco e meia da tarde;
- a referência ILEGAL ao nome de duas empresas em declarações à Comunicação Social (contrariando o que está vertido no código deontológico e/ou de conduta que o sr. inspector-geral subscreveu ao ser empossado);
- qual a autoridade do sr. inspector-geral, para vaticinar que, mais de 50% dos pequenos restaurantes, irão fatalmente encerrar, já que é o mercado, a economia - e não a ASAE - quem tem "poder" para o fazer?
A isto, o sr. inspector-geral disse "nim"! Primeiro, admitiu ter sido "uma expressão infeliz" (que não pude deixar de comparar à atabalhoada "explicação" do "desértico" ministro Mário Lino); depois, lá foi adiantando que se referira à "incapacidade" (?) desses estabelecimentos para acompanharem a modernização.
O que me leva a colocar-me a mim próprio (e aos leitores deste blog) duas questões:
1.ª - QUE MODERNIZAÇÃO? A deste (des)governo ou a da União Europeia?
2.ª - Essa "modernização" implica MATAR AS TRADIÇÕES de um Povo?
3.ª - Quem disse a este senhor que queremos ESSA MODERNIZAÇÃO? Talvez, a mesma "personalidade" eleita em 2005, que prometeu referendar o Tratado Europeu... e MENTIU!
Como vêem, não há como "virar a cara", "assobiar para o lado" e dizer que não percebemos a pergunta... É "o que está a dar"! E o pior é que é contagioso!
Vejamos o optimista OE para 2008, que prevê uma inalcancável e utópica taxa de inflação, do défice, do crescimento do PIB, da melhoria das condições de vida dos portugueses... mesmo com a "alta" do preço do crude (já começou a descer, mas quando se reflectirá nos "cartéis" das gasolinas?), da "baixa" das Bolsas americana e europeia...?
Voltemos à ASAE.
À tarde, assisti à parte final do programa "Opinião Pública" (no qual, infelizmente, já não fui a tempo intervir, para dizer exactamente o que aqui escrevo...) e, para que conste, resumo algumas das intervenções:
- um telespectador em Antuérpia, referiu perceber e nada ter contra o facto do sr. inspector-geral da ASAE ter fumado na noite de fim de ano (nem eu), mas não entender a "explicação" e muito menos a actuação repressiva e nada didáctica desta nova polícia!
- Uma telespectadora, agures no Norte, descreveu um caso pessoal, passado num café de uma área de serviço onde toma diariamente o seu pequeno almoço; a qualidade dos produtos, o esmerado serviço, a gentileza dos funcionários é tal, que a senhora entendeu por bem pedir o "Livro Amarelo", no qual fez questão de registar estes elogios... O que aconteceu? Duas coisas muito "simples": primeiro, recebeu da empresa (ainda que não assinada) uma carta a agradecer o seu gesto; e, da ASAE (sempre a ASAE...), uma carta "agradecendo" a sua "reclamação" e "prometendo" uma "actuação em conformidade" (?).
Como bem lhe respondeu o meu amigo e colega Jornalista João Ferreira, é caso para nunca mais elogiar ninguém!
- Outra telespectadora, algures no Centro do País, referia o caso de um pequeno produtor de queijo que, numa feira, viu apreendida toda a sua mercadoria - não porque o queijo estivesse estragado ou impróprio para consumo humano, mas porque o dito produtor não registara na ficha de controlo a temperatura do frigorífico, entre as 22H00 e as 08H00...;
- Uma outra telespectadora, algures no Norte, partilhou um caso ocorrido com um pequeno vendedor de camarão, que viu apreendidas largas dezenas de quilos deste marisco (posteriormente regado com gasolina e queimado...), apenas porque não constava na famigerada "fichinha" o método de cozedura do dito... Garantiu a senhora, que havia comprado e consumido com a sua família uns quilos desse produto, sem que nem ela nem nenhum dos seus familiares tivesse tido qualquer problema de saúde ou de qualquer índole;
- Ainda uma telespectadora, algures no Alentejo, insurgindo-se contra uma intervenção dos inspectores/agentes da ASAE numa feira, onde um pequeno produtor de azeitona também viu ser-lhe confiscada todo o produto que vendia, pelo simples facto do mesmo não estar contido em embalagem homologada (?) para o efeito, produtor esse que a citada senhora encontrou a chorar, sem saber "o que fazer à vida", no final da feira!
Verdade? Mentira?
O que sei, é que todos os intervenientes neste programa fizeram questão em referir datas, locais e nomes, pelo que presumo ser válida a primeira hipótese!
Deixo-vos, a terminar, duas interrogações:
1.ª - Deve (e pode?) a ASAE ir, arrogantemente, tão longe e de modo tão repressivo?
Resposta: NÃO!
2.ª - Será a arrogância, prepotência e desumanidade da ASAE um "espelho" da governação socrática do nosso País?
Resposta: SIM!
Até quando? Quem se lhe opõe?
Isso, é o que se verá!
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