Quarta-feira, 27 de Fevereiro de 2008
"Mudar de Vida"

À maioria dos leitores do "Pinhanços", este slogan nada dirá, razão pela qual terão de me permitir uma pequena mas necessariamente resumida nota introdutória.

Ele é (foi...) o corolário de uma série de encontros de Militantes que, após a vitória do movimento IOMAF em Outubro de 2005 e consequente "transferência descarada" de "companheiros" do PARTIDO SOCIAL DEMOCRATA para o lado do movimento ganhador, decidiram reunir-se para debaterem o melhor caminho e estratégia a seguir, perante este novo cenário.

Ao fim de vários encontros, em Paço de Arcos, surge um pequeno núcleo de militantes a defender a proposta que lhes havia sido feita de virem a integrar a Comissão Política da Secção de Oeiras do PSD a eleger em Setembro de 2006, encabeçada por Pedro Afonso Paulo.

A tese desse grupo - curiosamente liderado pelo companheiro que havia criado o slogan "Mudar de Vida" -, era a de que, se "fôssemos a votos" contra a lista que se presumia vir a ser integrada pelos tais "companheiros auto-transferidos", elegeríamos - no máximo - cinco elementos... Por outro lado, se os militantes descontentes (chamemos-lhes assim) estivessem integrados na nova CP "miscelânizada", melhor poderiam fazer vingar a justeza das nossas razões...

Questionados sobre que contrapartidas eram garantidas aos Militantes que abraçram o projecto "Mudar de Vida", foi-nos dito... nada, razão pela qual eu e muitos outros Companheiros se afastaram desse mesmo projecto.

Que aconteceu?

A nova CP então eleita, veio a integrar apenas cinco desses Militantes... exactamente tantos quantos havíamos previsto eleger, só que já sem a capacidade moral de poderem reivindicar o que quer que fosse... como sucedeu.

É o que mais uma vez designo por "ter razão antes do tempo"!

Sendo que esta Comissão Política cessa o seu mandato de dois anos em Setembro próximo, e dado que "se fala" já no nome de Alexandre Luz (o único dos três irmãos a quem, pessoalmente, nada tenho a apontar no trato comigo) para suceder ao actual presidente (como, aliás, já foi referido num comentário colocado neste blog), entendi chegado o momento de continuar a colocar os "pontos nos iis" sobre o que realmente se passa na Secção de Oeiras e que prova que os "zum-zuns" que ouvia tinham algum fundo de verdade!

A mesmíssima Secção que exigiu disciplina de voto (favorável, claro...) aos quatro Vereadores do PSD quando da apresentação das GOP's e Orçamento da CMO para 2008; que me "convocou" (em terceira mão, como então referi) para uma reunião na sede e que, mais recentemente (segundo o coordenador do Gabinete das Freguesias, Nuno Luís), me queria "obrigar" a indicar um elemento da Bancada PSD para o Executivo da Junta de Paço de Arcos, quando eu defendia exactamente o contrário, por razões meramente político-partidárias.

Quase me apetece dizer como o presidente do Partido: este não é "o meu PSD", ou então, que este não é "o antigo PSD"... Só que ele disse-o noutro contexto MUITO diferente e que não vou abordar aqui hoje!

Vem isto a propósito da carta que o Companheiro Rui Santos Alves (vice-presidente da CP da Secção) enviou recentemente ao presidente da mesma, Pedro Paulo, e que aqui reproduzo, com a devida autorização, não sem antes "deixar um aviso à navegação" de que outras saídas estão iminentes:

 

"

Exmo. Senhor

Presidente da Comissão Política

Secção de Oeiras do PSD

 

Meu caro Pedro Afonso Paulo,

 

Quando, em Setembro de 2006, criámos condições para a constituição da actual Comissão Política da Secção, fizemo-lo, se bem te recordas, para procurar tirar o PSD/OEIRAS da inércia em que se encontrava e para restaurar a unidade interna que havia sido gravemente atingida na sequência da cisão verificada aquando das eleições autárquicas. Contra tudo e contra todos conseguimos construir uma lista consensual que, ainda hoje, se mantém em funções.

Porém, decorrido quase um ano e meio, constata-se que o trabalho realizado foi praticamente inexistente e que a Comissão Política não actua, verdadeiramente, como equipa. Reúne de forma gritantemente inconstante – presumo que condicionada pela tua agenda – e, o pouco que funciona, fá-lo de forma fechada e centralizadora. Vícios do antigamente, certamente.

Acresce, como agravante, o facto de, após a mudança da liderança nacional do PSD, terem sido tomadas decisões que, a meu ver, em nada contribuem para a consolidação da unidade interna.

Efectivamente, submeteres à Comissão Política uma proposta que apontava para o envio de carta aos militantes expulsos aquando das autárquicas, convidando-os a regressar é, no mínimo, afrontar os militantes de Oeiras que, com elevado sentido de dedicação e responsabilidade, deram a cara pelo Partido no Concelho em condições particularmente adversas. Acresce, também, que inviabilizar que fosse a Assembleia de Militantes da Secção a pronunciar-se sobre esta questão, constitui uma opção incompreensível.

Pelos vistos, aqueles que mais utilizam a palavra BASES no discurso quotidiano são os mesmos que as ignoram em decisões de grande relevo.

Um ponto que merece especial evidência, prende-se com a decisão da Comissão política em recomendar/impor aos deputados municipais do PSD a votação favorável do Orçamento da Câmara.

 Tomada em reunião em que não estive presente porque alterada, mais uma vez, em cima da hora, é uma decisão insensata e politicamente desastrosa. Insensata porque, como é sabido, vários membros da C.P.S. mantêm vínculos profissionais a gabinetes camarários pelo que, mandaria o bom senso, a assumpção de uma postura mais recatada. 

Politicamente desastrosa porque, ao invés de construir uma alternativa credível e ganhadora para as próximas eleições , o PSD/OEIRAS opta por colar-se ao actual executivo camarário.

Estes são, meu caro Pedro Afonso Paulo, apenas dois exemplos do estado a que chegou o PSD/OEIRAS.

Poderia citar mais alguns como a manifesta marginalização que se constata sempre que ocorrem reuniões da Comissão Política “Alargada” da Distrital. È que sendo tu vice-presidente daquela estrutura, o normal seria que eu, como 1º vice-presidente da secção te substituísse nessas reuniões, fazendo com que a Secção de Oeiras ocupasse o lugar a que tem direito. Contudo,  nunca fui convocado.

Estranho, não é?

E que dizer dos novos militantes trazidos “à pazada “, sem critério algum e, certamente, na maior parte deles, sem qualquer identificação ao ideário social-democrata?.

Por tudo isto, chegou o momento de eu dizer BASTA!

Aquilo que, em Setembro de 2006, me fez acreditar que era possível dar uma nova vida ao PSD/OEIRAS, não passou de uma fugaz ilusão.

Independentemente da demissão que agora formalizo, continuarei, como sempre o fiz ao longo de mais de 33 anos de militância, disponível para ajudar o PSD a recuperar o lugar de primeiro partido de Portugal e dos Portugueses.

 

Melhores cumprimentos

 

C/conhecimento:

Presidente do PSD

Secretário-Geral do PSD

Presidente da Comissão Política da Distrital de Lisboa

Presidente da Assembleia de Secção de Oeiras"



Publicado por rui.freitas às 01:58
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8 comentários:
De IM a 27 de Fevereiro de 2008 às 12:11
Amigo Rui;

Tb digo amiúde, - nem que seja a mim própria - "este não é o meu PSD".

Abraço

I.


De rui.freitas a 27 de Fevereiro de 2008 às 17:30
Ó Isabel,
Será que o "nosso PSD" é o mesmo do Presidente do Partido, cuja única grande ideia para Portugal é acabar com a publicidade no "canal estatal"?
Que pobreza de espírito... Em que é que isso beneficia o povo português, que teria de pagar a "conta" de outros modos?
Ou do "PSD concelhio" (Oeiras e Algés), que apenas pretende manter o "encosto" ao IOMAF e aos "tachos" daí decorrentes?
E por aqui me fico!


De Anónimo a 28 de Fevereiro de 2008 às 08:31
Sendo ainda uma jovem militante da secção de Oeiras, não deixei de acompanhar todo o processo que decorreu antes, durante e depois das eleições autárquicas.
Na verdade chegou a hora de juntar forças e ser em Oeiras e no País de Norte a Sul e Ilhas uma verdadeira oposição. Credível, de "cara lavada" e disposta a moralizar perante a opinião pública a classe política que tão má impressão e maus exemplos tem dado ao povo português. Abraço


De António José a 28 de Fevereiro de 2008 às 11:28
Muito bem.

Gostei do comentário anterior. Vale a pena ter militantes com este calibre.

Abraço


De rui.freitas a 29 de Fevereiro de 2008 às 02:33
Caro António José,
Claro que vale a pena, e só com "militantes deste calibre" é que o PSD poderá voltar a ser o GRANDE PARTIDO que já foi... e que, estou certo, VOLTARÁ A SER!
Mas, como disse acima, todos não seremos demais e, por vezes, os Militantes, os verdadeiros Militantes, "esquecem-se" que a sua intervenção na vida (e nos votos decisivos) da sua Secção, são extremanete importantes.
Isto, se queremos TODOS, mudar de vez este estado de coisas que continua a grassar em Oeiras e no País!


De Anónimo a 28 de Fevereiro de 2008 às 14:04
Concordo plenamente, mas não é DE CERTEZA, com o Alexandre Luz, que o PSD em Oeiras vai ser credível nem andar de "cara lavada".


De rui.freitas a 29 de Fevereiro de 2008 às 02:39
Caro Anónimo,
Apenas referi que, da parte do Alexandre (e em termos pessoais), nada tenho a apontar... Não disse que alguma coisa iria mudar no PSD-Oeiras, caso seja ele o candidato a presidente da CP.
Credibilidade e "cara lavada", não virão daí, certamente!
Urge, no entanto, juntarmos forças, saberes, dinâmicas, vontades e mais "caras lavadas" ao crescente número de Militantes que, como designo no post, são os "Militantes descontentes".
Se é um deles (Militante e descontente), junte-se a nós!
Os bons, serão sempre bem-vindos!


De rui.freitas a 29 de Fevereiro de 2008 às 02:28
Como ainda sou daqueles que acham que "toda a carta tem resposta", vou tentar responder aos três comentários de "per si".
À primeira "jovem militante" Anónima, quero dizer-lhe que não posso estar mais de acordo consigo.
A VERDADEIRA OPOSIÇÃO só pode ser feita COM HONRA, "CARA LAVADA" e CREDIBILIDADE, de outra forma... será sempre balofa, inconsequente e não perceptível ao eleitor. Que, infelizmente, tem cada vez mais razões para descrer dos chamados "políticos de carreira".
A si, enquanto Militante do PSD, peço-lhe apenas que mantenha e potencie essa sua forma de pensar, agindo em conformidade. O PSD pode, deve e tem de ser oposição SÉRIA a este (des)governo. Para tal, todos não seremos demais para chamarmos a atenção dos nossos representantes e dirigentes, aos quais devemos exigir - não uma "oposição de manhã, de tarde e à noite", mas uma oposição sem "telhados de vidro". É que, quando os temos, como poderemos arrogar-nos o direito de atirar pedras aos outros?
Bem-haja pelo seu comentário, Companheira!


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