Sexta-feira, 4 de Abril de 2008
Parabéns, Sr. Procurador-Geral...

Ouvi hoje (3-4-08) o Sr. Procurador-Geral da República, Pinto Monteiro, referir-se à violência nas escolas, após audiência com o Sr. Presidente da República. Apercebi-me da veemência com que se referiu ao "flagelo" e, mentalmente, aplaudi-o, concordando em absoluto que o "fenómeno" (é assim que, de forma "politicamente correcta", se designa) não é de hoje nem se resume ao "dá-me o telemóvel... já!"

 

Como quase tudo em Portugal, também este acto está já a ser alvo de "lavagem" para cair no esquecimento. O que é mau e é pena!

Eu próprio, já ouvi e contestei comentários que se viram agora contra a Professora... do género de "ser a prova" de que os Professores não querem é trabalhar, "pois ela até aproveitou para umas fériazitas, alegando estar com depressão". Como é possível? É esta a reacção que merece a certos "adultos" um acto de indisciplina tão claro e violento? São jovens destes que queremos "amanhã" a dirigir os destinos do País... quem sabe?

Felizmente, não sou só eu a pensar desta forma; também Mário Crespo - segundo um artigo colocado no "Oeiras Local" -, escreve sarcasticamente no "JN" que "Não houve braço-de-ferro nenhum" e que pode ser lido AQUI. Nada de mais verdadeiro...

O alerta do Procurador-Geral foi notícia em rádios, televisões e jornais. Aleatoriamente, escolhi o "PortugalDiário" para que os "menos atentos" saibam o que ele disse:

"Violência: escolas têm o dever de denunciar

PGR diz que há alunos que levam pistolas. E facas «são às centenas»". (Ler AQUI).

Deixemo-nos de cinismos e admitamos todos que há anos que assim é! Pena, que apenas alguns o venham denunciando, que tem sido o mesmo do que "pregar no deserto"!

Agora, que a actual "menistra" da Educação dê tão pouca importância ao assunto, aí é que começa a ser mesmo assustador e perigoso.

"Ministra «preocupada» com armas nas escolas

Ainda assim, a preocupação manifestada pelo Procurador-Geral da República não encontra grande eco, uma vez que a ministra da Educação preferiu cingir-se aos números, nunca querendo comentar casos concretos ou até as próprias declarações de Pinto Monteiro.

Certo é que, no último ano lectivo, só a PSP apreendeu 260 armas: 13 armas de fogo, 165 armas brancas e 82 de outro tipo, normalmente réplicas de armas de fogo. Segundo a polícia, 64 por cento das ocorrências relacionadas com armas envolvem a utilização de facas ou canivetes, mas em cinco por cento dos casos são usadas armas de fogo adaptadas. Maria de Lurdes Rodrigues escusa-se a comentar estes números, limitando-se a dizer que «o ministério recolhe os dados, compila-os e reporta-os publicamente»".

É preciso ter lata! Actuar a sério, só na avaliação de Professores, não, sra. "menistra"?

Pessoalmente, até posso dar-lhe um exemplo que parece já estar esquecido de todos: o do Professor da Escola Preparatória Joaquim de Barros, em Paço de Arcos, a quem um desses "bem-comportados" aluno incendiou o carro como vingança... Creia que há mais (assisti a outros menos graves mas preocupantes), mas nem todos chegam a ser conhecidos cá fora, por medo de iguais represálias!

Mas, sra. "menistra" e demais descrentes, dou outro exemplo, que foi também notícia no Expresso de 25 de Março, sob o título:

"Novo exemplo de indisciplina na escola

Professora inerte perante chacota na aula".
 
Trata-se, certamente, de "bons e aplicados" alunos, mesmo sem telemóvel...
Caros leitores, se ser "velho do Restelo" (no sentido depreciativo que lhe dão) é estar contra este estado de coisas, contra o laxismo do Estatuto do Aluno, contra o "assobiar para o lado" da "menistra" da Educação... Então, eu sou um "velho do Restelo". Não se depreenda que sou defensor de alguma - repito, alguma - repressão existente no meu tempo de aluno nos corredores e salas de aula de escolas e liceus, mas que o "deixa andar" e a falta de autoridade chegaram a um ponto insuportável e intolerável, não tenhamos qualquer dúvida. Aliás, no dia em que recomeçaram as aulas, alguns alunos da Escola Secundária Carolina Michaelis asseguraram a reportagens televisivas que vão continuar a levar e a usar telemóvel na sala de aulas. "Se a professora proíbir, saio da aula", disse mesmo um deles!
Mas, o pior, é que noutras escolas, estes actos já começam a ser tidos como "naturais", seja por medo ou demasiada compreensão. Se for o primeiro caso, percebo; o segundo já não!
Jornal da Noite - SIC Online - (in Vídeos Sapo):
 
Este preocupante tema - a violência nas escolas -, esquecem alguns, é depois transportado para a vida real, para as ruas e passa a ser problema de TODOS NÓS!
Sei que existem mil e uma desculpas - baixo nível de escolaridade dos pais, consumo de álcool ou drogas por alguns casais, desemprego e pobreza... tudo o que quiserem...!
A quem pensa assim deixo dois recados:
1.º - O nível de pobreza (quanto mais os outros...) não tem nada a ver com a agressividade das crianças e jovens;
2.º - Se assim fosse, porque se queixam alguns "paizinhos" quando aos filhos são roubados telemóveis nas escolas? Quem os manda oferecerem aparelhos topo-de-gama a crianças de oito, nove e dez anos? Estão à espera de quê?
Não sejamos cínicos: é a pura verdade!
Depois, "habituados" que estão a serem sempre "perdoados" e "compreendidos", praticam actos destes... (in PortugalDiário)
"Atropelamento: conduz sem carta desde os 14 anos
Jovem atropelou dois rapazes em Gondomar e fugiu. Um deles ficou em perigo de vida."
Não sei se o viram sair do Tribunal, mas que o "moço tem pinta"...
E sabem o que decretou o Tribunal?
"Atropelamento: condutor que fugiu fica em liberdade
... aguarda em liberdade a decisão do Ministério Público (MP), que deverá ser tomada quarta-feira".
Aguardemos também!
Percebemos, compreendemos, somos benevolentes, abominamos a autoridade, negamo-nos a traumatizar as nossas crianças e jovens... até que aconteçam casos como o dos EUA, em que crianças de 8 e 9 anos (munidas de algemas, fios eléctricos e facas) pleneavam matar a Professora.
Nesse dia, cairão "o Carmo e a Trindade"? Vamos esperar até lá?


Publicado por rui.freitas às 01:28
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De Zé da Burra o Alentejano a 4 de Abril de 2008 às 09:06
Se repararmos na Natureza, nas comunidades de animais há sempre indivíduos que procuram tornar-se líderes dentro dessas comunidades e para atingir um estatuto superior testam os seus iguais e confrontam-se com eles para imporem a sua autoridade e atingirem a posição de líderes; alguns não chegam ao topo, ficam em posições abaixo: 2.º, 3.º lugar etc. estabelece-se enfim uma hierarquia que é respeitada por toda a comunidade até que apareça um novo líder: normalmente um elemento mais jovem e robusto que consegue destronar o líder anterior.
Nos seres humanos passa-se exactamente o mesmo e tal é observado nos empregos, nos clubes, nos partidos políticos, nas escolas e até em nossas casas. Até de entre os que seriam em princípio iguais se estabelece uma relação hierárquica. O poder e a liderança ganham-se suplantando os iguais e os concorrentes, mas também é preciso exibir essa qualidade aos restantes membros do grupo para que o líder seja por eles reconhecido e respeitado. Então, como chefe poderá beneficiar de privilégios vários que me escuso de enumerar.

A delinquência e violência mais graves que se observam nas escolas são precisamente o processo de luta para atingir, exibir e ganhar um estatuto superior na escala da liderança sobre colegas, professores e funcionários e, uma vez conseguida essa posição há que mantê-la, demonstrando o facto constantemente porque há sempre um aspirante a líder à espreita.

Assim, quem defende que a escola deve funcionar como uma “democracia” está completamente enganado:
1.º) A escola nunca poderá ser uma democracia porque os alunos candidatos a líderes vão por à prova os seus professores, funcionários e próprios colegas, para tentar dominá-los e exibir a sua liderança. Isso não pode acontecer: a autoridade do professor nunca pode ser ultrapassada pelo aluno. Em muitos casos isso já aconteceu e eis aí porque uma turma respeita um professor e não outro. Os professores com uma personalidade mais frágil são facilmente dominados e muitos acabaram por abandonar a profissão;
2.º) As verdadeiras democracias também não existem, nem entre nem dentro dos próprios partidos. O que existe é muita luta entre partidos pela liderança do país e muita luta pela liderança dos partidos dentro deles, novos líderes estão sempre à espreita. Isto não tem nada de estranho e passa-se em qualquer outro lugar em que haja o exercício do poder. Para se chegar ao topo há que ultrapassar muitas barreiras e os adversários ficarão sempre à espreita para depor o líder logo que seja oportuno.

Os nossos filhos começam desde muita tenra idade a testar os pais e os possíveis irmãos para verem de que forma conseguem obter aquilo que desejam: choram, berram, batem o pé, chegam a bater-nos: começam com um sacudir de mão, depois dão uma “palmadinha” e se não os pararmos em breve crescerá a sua ousadia. Os pais sabem-no bem!

Zé da Burra o Alentejano



De rui.freitas a 5 de Abril de 2008 às 02:53
Com todo o respeito que me merecem as gentes do Alentejo, vou tentar responder-lhe de forma directa, sintética e séria... porque de assunto muito sério se trata!
Caro "Zé da Burra", você termina o seu comentário como o devia ter começado, colocando o "dedo na ferida", quando diz que os filhos (alguns... cada vez mais...) "choram, berram, batem o pé, chegam a bater-nos (...) e se não os pararmos em breve crescerá a sua ousadia".
Foi exactamente isso que, intrinsecamente, pensava ter deixado expresso no meu "post", não culpando apenas os filhos (crianças e jovens) mas sobretudo os progenitores/educadores (?). Esses, sim, são os verdadeiros culpados. Os filhos querem uns ténis de marca: os papás dão; o último modelo da Playstation, os papás dão; o mais moderno I-Pod, os papás dão, e assim por diante. Tudo passa a ser fácil, graças ao facilitismo que os papás permitem, logo, quando não obtêm o que desejam... "testam" a autoridade, primeiro com o choro, depois com o berro, a birrinha, e finalmente - se lhes forem permitidos os primeiros -, com o recurso à violência!
Você mostra um perfeito "retrato" da luta pelo poder (e dou-lhe razão, infelizmente, no que concerne à área política e a algumas empresas), esquecendo que a mesma é aceite no reino animal (vence o mais forte), NÃO O DEVENDO SER entre os "humanos". É uma referência aos "espertos" (os ditos "chicos"), omitindo os inteligentes!
Também por isso, concordo em absoluto consigo, quando diz que a escola não deve funcionar como uma "democracia", sem com isso dizer o seu contrário: "ditadura". Há que encontrar o meio-termo.
Não sei que idade terá, mas espero concorde comigo nas seguintes questões:
Ser jovem é ser irreverente, contestatário, insatisfeito; é querer ir mais longe, mais alto, mais além... Entre os 15 e os 25 anos, que jovem não se acha capaz de conquistar o Mundo? É assim, sempre foi e será assim!
"O poder e a liderança ganham-se suplantando os iguais e os concorrentes", diz você. Correcto!
Não pela coacção mas pela persistência; não pela agressão (verbal ou física) mas pela justeza dos seus actos; não pela violência gratuita mas pela forma como "arrastamos" os demais com a força das nossas ideias.
É essa a minha maneira de olhar a vida. Não a concebo de outra forma!
Quantas Mulheres, quantos Homens (quiçá franzinas/os, tímidas/os, ensimesmadas/os) acataram as "regras" impostas por Pais e Professores e, sem recurso a outra coisa que não o seu Saber e a sua Inteligência, se tornaram Grandes Mulheres e Grandes Homens, colocando esses mesmos méritos ao serviço da sociedade?
Como escrevi, isso nada tem a ver com nascer-se em "berço de ouro, prata, cobre ou palha". Os meus Pais, eram medianamente remediados, mas cedo me ensinaram o que podia ou não podia ter, como podia ou como não podia ter!
O único trauma que me causaram, foi a sua sempre extemporânea partida deste Mundo!
Não tenho filhos (a Sara, faleceu sete minutos após a nascença, por erro médico), mas o legado que lhes deixaria seria o mesmo que recebi: Honestidade, Humildade, Perseverança, Fé, Sã Combatividade, Força da Razão e não razão da força...
Alguém se lembra do que isso é? Duvido!


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