À hora em que a "bomba" rebentou, não me encontrava em casa, devido a compromissos pessoais e por isso, não ouvi a notícia em directo. Mas logo o meu telemóvel começou a tocar insistentemente - umas vezes para me comunicarem a ocorrência de viva voz, outras para me alertarem para a mesma via SMS... É no que dá AINDA ter Amigos!
Em resumo, Luís Filipe Menezes acabara de anunciar - na (ainda) Sede Nacional do Partido Social Democrata - que iria solicitar na próxima semana ao Conselho Nacional a convocação de eleições Directas à liderança, para 24 de Maio. Uma "bomba" que rebentou, afinal, na mão de quem em Fevereiro passado garantia que nem à bomba o tiravam da liderança do PSD e que, em Março, asseverava que "só haverá eleições directas no Partido após as Legislativas de 2009"...
Hoje, tal como o fez o Amigo e Companheiro Jorge Pracana a propósito dessa primeira afirmação, digo igualmente que "como registo de interesses desde já informo que não votei no próprio (é publicamente conhecido o meu incondicional apoio - desde sempre - a Luís Marques Mendes), como nunca votei ou votarei no PS." Assim, estou à vontade para tecer as opiniões que se seguem.
Qual Santana Lopes, "andei por aí" a pesquisar os jornais e blogs, colhendo informações nos primeiros e, até esta hora, o silêncio nos segundos...
Como tenho por hábito dizer o que penso sem olhar a consequências (o que me tem valido inúmeros dissabores... mas não há volta a dar), entendi que devia, mais uma vez, "refrescar" algumas memórias esquecidas!
Terá dito LFM que, "Para mim basta. A minha honra e a minha dignidade não permitem mais cedências", acrescentando ainda outras "pérolas" como estas: "Desde o primeiro momento, tivemos uma oposição interna diária, pouco digna, nada corajosa" e ainda "Atravesso a maior campanha destrutiva de sempre do PSD". Como é curta a memória...
Intrigou-me, a primeira afirmação: "A minha honra e a minha dignidade não permitem mais cedências". Sem colocar em causa a honra e dignidade de LFM (nunca o faria), fiquei a "matutar" na questão das cedências! Que cedências? A quem? Impostas por quem? A que desígnios? E, não sei porquê, lembrei-me da lista de Deputados e Autarcas em 2009, de Oeiras, de Gondomar e de outros "casos"... Será que estou enganado?
Depois, fiquei "confuso" com a alusão à "oposição interna diária, pouco digna, nada corajosa". Só faltou mesmo dizer que essa "oposição" era feita "de manhã, à tarde e à noite"!
LFM e seus pares parecem ter esquecido a cerrada oposição diária feita ao anterior Presidente do PSD, Luís Marques Mendes, quer através do seu blog quer nas páginas do "Correio da Manhã" quer ainda em todas as oportunidades televisivas que teve. Lembro-me de constantes "ataques" como estes: que não tinha perfil de líder; que não fazia oposição ao (des)governo PS; que se rodeara dos seus mais chegados apoiantes (como se isso fosse algo de anormal!); que estava a provocar cisões no interior do Partido; etc., etc., etc.
Se Marques Mendes dizia não à OTA, levantava-se a "oposição" a dizer que a OTA é que era; depois, já não era nem nunca fora essa a posição! Se Marques Mendes defendia o Pacto para a Justiça ou a Nova Lei Autárquica, vinha logo a crítica contrária da "oposição" (que acabou por romper o acordo para a nova Lei)! Se Marques Mendes pugnava pelo Referendo ao Tratado de Lisboa, saltava a "oposição" a defender o contrário (aqui, foi coerente e o Tratado não foi referendado)! Se Marques Mendes, na sua habitual coerência, retirava a confiança política ao então Presidente da Câmara de Lisboa, "caía o Carmo e a Trindade" na "oposição" (que, antes, o acusara de não ter a coragem de o fazer)! Se Marques Mendes admitia ser difícil fazer oposição a um partido com maioria absoluta e, ainda por cima, com o beneplácito dado pelo Presidente da República, ai Jesus que não sabia era fazer oposição, clamava a "oposição" (agora, já com Santana Lopes, o mesmo problema existe mas já é "real"... antes, não era)! Se Marques Mendes defendia a baixa de impostos, logo a "oposição" fazia coro com os "socretinos" e alegava ausência de bom-senso (a seguir, foram os mesmos "opositores" que o defenderam, indo até bem mais longe nessa "descida")!
Sete meses após a sua eleição, LFM queixa-se mais do mesmo: sobretudo dos "barões" e da "perseguição" que lhe foi movida pelos seus "opositores internos"!
Vejamos: Quais "barões"? Os que não apareceram no momento certo a apoiar Luís Marques Mendes (se o tivessem apoiado, LFM não teria do que se queixar, pois não seria Presidente do PSD)? Só pode ser...
Quais "opositores"?
LFM, neste particular, só pode queixar-se de si próprio ou, quanto muito, de alguns "iluminados" que o rodearam.
Ou será que tinha razões para "arrasar" os dez ex-secretários-gerais que lhe pediram para repensar a alteração (ilegal) ao pagamento de quotas? Abriu uma guerra desnecessária e, depois, decidiu que as mesmas deviam era ser abolidas...
Quem o levou a pedir uma sindicância às contas do Partido, lançando a natural suspeição sobre todos os presidentes e secretários-gerais que o antecederam? Essa, foi mesmo "de cabo de esquadra" mas consequente com a sua afirmação de que "aquele não era o seu PSD"...
O que esperava, quando levantou a questão da venda da Sede Nacional, como forma de equilibrar as contas, em perfeita e total contradição com a abolição das quotas que, mal ou bem, são uma fonte de receitas?
Se as contas estavam assim tão mal, porquê contratar uma empresa de marketing para "orientar" o Partido? Só porque "lá fora", alguns fazem isso? O único "resultado visível"; foi a mudança das cores históricas do PSD... que na Madeira, felizmente, foi recusada!
Ou teria sido pela sua afirmação de que "o PSD ainda não merecia ser Governo em Portugal"? O que, digamos em abono da verdade, frustrou muitos Militantes!
Estará arrependido de ter avançado com a "brilhante" ideia de acabar com a publicidade na televisão estatal, como se isso "desse de comer" aos portugueses... que bem precisam? Não recebiam duma maneira, teria de ser o "Zé pagante" a substituir-se às empresas anunciantes!
Ou (como deixei claro acima), porque afirmou que, "a partir de 2009 serão as estruturas locais do PSD a definir quem querem que os represente no parlamento nacional”?. Não deveria ter dito: antes de 2009? Terá isso algo a ver com as tais "cedências" que não estava disposto a fazer?
Terá tido a ver com a revisão da Lei Autárquica? Consta que houve pressões e mais pressões!
As constantes ausências da presidência da Câmara de Gaia, desdobrando-se em visitas por todo o País ao serviço do Partido, não terão fragilizado algum "poder interno"? Apesar do vice-presidente - Marco António - ser fiel e indefectível defensor e continuador (e, quem sabe, próximo candidato)!
Dizendo "nim" a futuras/próximas candidaturas a Oeiras e Gondomar, "atirando" para as respectivas Secções a responsabilidade de readmissão ou não desses ex-militantes, inclui-se no âmbito das já citadas "cedências"?
Na verdade, repito, LFM apenas pode queixar-se da sua actuação e ausência de oposição "de manhã, de tarde e à noite"!
Dos seus mais directos defensores, não pode queixar-se certamente!
No dia 14 de Abril, escrevia Pedro Santana Lopes no seu blog, referindo-se ironicamente à vitória de Sílvio Berlusconni: "Ganhou mais um populista, demagogo, direitista...Como será possível? Não existirão lá comentadores esclarecidos?" (...) "Acima de tudo, há que felicitar Silvio Berlusconni pela sua enorme capacidade de resistir, de acreditar, de ultrapassar obstáculos, de lutar, de ressurgir das derrotas, de vencer os seus adversários, de calar tanto detractor." Em Portugal, "saiu-lhe o tiro pela culatra"! E agora?
A 15 de Abril - apenas dois dias antes da demissão de LFM -, o seu fiel Luís Cirilo fazia no seu blog o seguinte comentário: "Mas ás vezes até os lideres mais bem preparados,com ideias e projectos,e credibilidade na opinião pública são "derrotados" por séquitos incompetentes,com falta de qualidade,excesso de ambição ou incapacidade para compreenderem o próprio papel.
Como resultado destes sete meses de desnorte e "tiros nos pés", surgem dois potenciais candidatos à liderança do Partido Social Democrata: Aguiar Branco e Pedro Passos Coelho. Pela minha parte, confesso sem qualquer problema ou dúvida: se assim for, apoiarei o segundo deles!
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