De
ruy a 6 de Dezembro de 2008 às 22:57
Esta visão social-democrata da vida económica-social requer necessariamente:
a) Planificação e organização da economia com participação de todos os interessados, designadamente das classes trabalhadoras e tendo como objectivos:
- desenvolvimento económico acelerado;
- satisfação das necessidades individuais e colectivas, com absoluta prioridade às condições de base da população (alimentação, habitação, educação, saúde e segurança social);
- justa distribuição do rendimento nacional.
b) Predomínio do interesse público sobre os interesses privados, assegurando o controle da vida económica pelo poder político e pelos meios técnicos adequados às circunstâncias, incluindo a propriedade social dos sectores chaves da economia e das empresas que operam de facto como poderosos instrumentos de domínio na vida dos cidadãos. Esta propriedade social não revestirá formas dogmáticas, mas adoptará as fórmulas convenientes, designadamente controle por autarquias regionais e locais, entidades sindicais, cooperativas, empresas de economia mista "holdings" do Estado e nacionalizações.
c) Todo o sector público da economia deve ser democraticamente administrado e controlado por um órgão representativo, separado do Governo, a quem incumbirá a superintendência de toda a actividade do Estado.
d) A liberdade de trabalho e de empresa e a propriedade privada serão sempre garantidas até onde constituírem instrumento da realização pessoal dos cidadãos e do desenvolvimento cultural e económico da sociedade, devendo ser objecto de uma justa programação e disciplina por parte dos órgãos representativos da comunidade política.
e) A liberdade sindical, o direito à greve, a participação, fiscalização e cogestão das empresas por parte dos trabalhadores são meios necessários para uma permanente e contínua subordinação da iniciativa privada e da concorrência aos interesses de todos e à justiça social.
f) Adopção de medidas de justiça social (salário mínimo nacional, frequente actualização deste salário e das pensões de reforma e sobrevivência, de acordo com as alterações sofridas pelos índices de custo de vida, reformulação do sistema de previdência e segurança social, sistema de imposto incidindo sobre a fortuna pessoal preferentemente ao rendimento de trabalho com vista à correcção das desigualdades).
g) No sector agrário, são prioritárias acções que visem a eliminação do absentismo e o desenvolvimento da empresa agrícola, apoiada pelo crédito, e uma intervenção activa na comercialização e industrialização dos produtos.
h) Consideração do trabalhador como sujeito e não como objecto de qualquer actividade. O homem português terá de libertar-se e ser libertado da condição de objecto em que tem vivido, para assumir a sua posição própria de sujeito autónomo e responsável por todo o processo social, cultural e económico.
(Franscisco Sá Carneiro – “Textos” - Terceiro Volume - 1974-1975)
Caro Ruy, mesmo tendo em conta "o tempo e o modo" em que estes "Textos" foram escritos, nunca eles estiveram tão actuais como agora.
Recordá-los e, sobretudo, aplicá-los, é urgente, sob pena do próprio PSD perder a sua matriz verdadeiramente Social Democrata.
Bem-haja por relembrar o que (alguns) já esqueceram!
De matrix a 13 de Dezembro de 2008 às 02:48
O PSD de FSC nada tem a ver com o actual.
Com o "acidente" de Camarate não perdemos apenas um político único, perdemos também a hipótese de criar um país diferente, com novos rumos e ambições.
Aqui fica o link (http://www.institutosacarneiro.pt/) do Instituto FSC, onde se encontram em pdf 7 volumes dos seus textos que merecem ser relembrados.
Caro Matrix,
Eis como, em duas linhas apenas, se pode dizer o essencial relegando o supérfluo. Você fê-lo e, como tal, permita-me repeti-lo:
"Com o "acidente" de Camarate não perdemos apenas um político único, perdemos também a hipótese de criar um país diferente, com novos rumos e ambições"... Nem Mais!
Quando à diferença entre o PPD/PSD de então e o actual PSD: que grande e profundo abismo!
De matrix a 16 de Dezembro de 2008 às 04:37
Infelizmente, assim é - um abismo - que nos coloca numa espécie de pântano de ideias, posturas e ambições, sacrificando principalmente os jovens de hoje e os do futuro.
Um Estado-nação que não olha pelos seus jovens tem uma sociedade muito doente, sem projecto e sem auto-estima... em decadência em suma.
Tomara que me engane!
A nós todos desejo um bom ano novo.
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