Tal como anunciei o seu "nascimento", cumpre-me hoje, dia 21 de Agosto de 2014, anunciar-vos a morte do "Pinhanços dixit...", desenlace fatal, após oito meses de inactividade.
Anunciar a morte, é sempre tarefa difícil, mesmo que, neste caso, não se trate de um ser humano mas sim de um simples e humilde blog, criado para dar a conhecer - a quem o leu - o que se fez e não fez na Junta e Assembleia de Freguesia de Paço de Arcos ou mesmo noutras organizações, tais como comissões de Festas do Senhor Jesus dos Navegantes, SMAS de Oeiras e Amadora, Câmara Municipal de Oeiras, etc.
Não é igualmente fácil, ser breve e conciso na explicação que devo aos muitos leitores (uns habituais e diários, outros nem tanto); mas vou tentar, não sem antes vos recordar o seguinte:
- O "Pinhanços dixit..." "nasceu" a 18 de Fevereiro de 2006, já lá vão mais de oito anos.
- Escrevi 1465 post que foram lidos e comentados por 5.916 pessoas (incluindo as minhas respostas);
- Desde que instalei o contador de visitas (em Maio de 2006), foram contabilizados, até hoje, 309.568 visitantes. Ou seja, uma média de 38.695 visitas/ano, 3.224 visitas/mês ou cerca de 107 visitas/dia;
- Padecendo de doença prolongada (devida ao crescente receio ou "pasagem para a outra margem" de algumas "fontes de informação", escassez de assuntos e esgotamento da paciência), entrou em inactividade a 22 de Dezembro de 2013.
Enfim: em bom rigor, entendi matar o "Pinhanços", posto que, para além de já não servir a nada nem a ninguém, decidi olhar para o lado e não descortinei onde estava a maioria daqueles que muitas vezes me incentivaram a continuar, dando-lhe (ao "Pinhanços") uma importância que, se calhar, teve mas não foi devidamente compreendida.
Conhecendo - todos eles, e vós - o valor que outorgo à AMIZADE, mais fácil se tornará compreender este "obituário", o que escrevo e porque o escrevo. Ao criar o "Pinhanços dixit...", não me moveu outra intenção que não a de romper o "circuito-fechado" que eram as reuniões da Assembleia de Freguesia de Paço de Arcos (de que a esmagadora maioria da população nem se apercebia e muito menos participava) e, nunca por nunca, a de obter benefícios pessoais, tachos, lugares de destaque nas instituições públicas desta Freguesia ou Concelho. Aliás, quem acompanhou a minha passagem pela política activa (encerrada em Outubro de 2013) sabe bem que jamais me coloquei "em bicos de pés", antes afastando-me sempre das "fotografias de família". Principalmente, porque nunca foi essa a minha forma de estar na vida e, quase sempre, para que outros pudessem brilhar, imaginando eu (mas posso estar errado) que fosse essa a sua motivação. No plano puramente partidário, procedi exactamente da mesma forma; sem alarde mas de forma convicta, tentei (como sabia e podia) ajudar quem julguei ser merecedor da minha ajuda, aceitei com gosto integrar listas sem nunca exigir ou sequer colocar a hipótese de exigir ou discutir em que lugar me iriam colocar, jamais cobrando, fosse a quem fosse, qualquer contrapartida por tal disciplina, que mais não era do que sincera Amizade.
Não referirei qualquer nome nem culparei seja quem for, até porque, existindo algum culpado, serei eu e apenas eu...
Infelizmente, por razões de saúde (primeiro) e/ou desemprego (depois), chegou o tempo de esperar uma pequena "retribuição" por aquilo que fiz de forma desinteressada. Apenas por comprovada necessidade, fiz alguns pedidos. Alguns, muito poucos, "deram-me a mão" em momento difícil, mas até isso acabou abruptamente. Porquê? Não sei!
Não ficaram mágoas e sim agradecimento!
Extra-partidariamente, ocorreu exactamente a mesma coisa; eu já não era presidente da Junta e, aqui, sim, ficaram mágoas... não perdoadas nem esquecidas!
Entendi então olhar para trás e fazer o balanço entre o Deve e o Haver; e não gostei da soma obtida, com mais perdas do que ganhos. Recuso-me - como sempre me recusei - a usar o cinismo, a ponto de dizer que não voltaria a escrever o que escrevi, que não voltaria a criticar quem critiquei, que não voltaria a divulgar as verdades que divulguei... Mas não é menos verdade que, hoje, compreendo melhor os porquês de muitas atitudes tomadas por quem estava "do outro lado"; não as elogio ou engrandeço, mas compreendo!
Do "outro lado" da barreira onde me posicionei, fui-me apercebendo que, desde o topo à base, não se abandonaram os amigos.
É justo? Não é? Foi tudo "limpinho"? Não foi? Não sei, apenas sei que poucos ou nenhuns foram deixados à sua sorte! O mesmo não posso dizer do "meu lado da barricada". Quando - devido às razões atrás expostas - pedi alguma coisa (não um tacho, não um lugar de direcção ou destaque numa qualquer empresa municipal ou pública, não um cargo numa administração, mas apenas e só um trabalho digno e remunerado), encontrei (quase) sempre uma esfarrapada explicação de que não era fácil, não havia nada para o meu perfil, sabes... eu não falo com fulano ou beltrano, agora está apertado para todos...
Eu até com um trabalho de motorista me contentava; mas não obtive nada! Nada de nada!
Os diários da República, no entanto, desmentem todas essas desculpas, pois que durante meses e meses li quantas foram as contratações e/ou nomeações ocorridas posteriormente aos meus pedidos.
É assim a vida: umas vezes mãe, outras madrasta, umas vezes estamos em cima, outras em baixo. Só que isto vale para mim e... para todos!
Mudaria alguma coisa do que fiz? Não, não mudaria nada! Até porque nada paga o orgulho e a gratidão que continuo a ter, por parte do cidadão anónimo de Paço de Arcos (aquele que, para alguns, só conta como um voto mais), seja ele jovem ou, sobretudo, menos jovem e que tanta honra me deu em SERVIR.
Morreu o "Pinhanços dixit..."; Viva o "Pinhanços dixit..." !
Ainda não "aprendi a voar" mas, libertei-me!
(1) - "Um obituário é o informe da morte de um indivíduo em particular. Em caso de pessoas famosas, normalmente traz um resumo de suas realizações em vida, com destaque para os episódios que as tornaram notáveis. Pode também ser um simples comunicado publicado em jornais, na forma de anúncio pago ou em seções de utilidades públicas". (Wikipédia)
Foto (do Coreto de Paço de Arcos) oferecida por Marco Aurélio Castro
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