CM - 15-02-2006
Esqueçam as caricaturas de Maomé. Hoje, em Portugal, a discussão sobre a liberdade de expressão implica apenas a resposta à seguinte pergunta: será que as sucessivas declarações do prof. Freitas do Amaral devem ser tornadas públicas? O Professor, é sabido, aprecia a polémica. Dia após dia, atira-nos com provocações gratuitas para cima, desde a sugestão de diálogo com o Hamas até à criação de um torneio de bola entre europeus e árabes, passando pela descoberta de que o Ocidente é um “agressor” inato e a causa das desgraças da Terra. Por seu lado, as televisões, as rádios e os jornais reproduzem estas coisas, na convicção de que uma Imprensa democrática permite todo o género de opiniões, mesmo as susceptíveis de fomentar indignação e violência social.
A violência não pode tardar. Cada frase do ministro dos Negócios Estrangeiros é uma ofensa deliberada e directamente dirigida aos crentes no bom senso e na inteligência humana, os quais estão prestes a perder a paciência. Como afamados observadores têm notado, a célebre ‘rua portuguesa’ encontra-se em estado de ebulição, e se ainda não vimos uma multidão a queimar um retrato do prof. Freitas foi porque o CDS, em tempos, retirou do Caldas o único exemplar conhecido e escondeu-o em local incerto. Informações não confirmadas garantem que o retrato está actualmente sob a protecção da Polícia, que o vigia em permanência. O original, para irritação de muitos, continua à solta.
No meio da barafunda, grupos moderados apelam ao sentido de responsabilidade dos media na divulgação das posições do MNE, bem como ao uso comedido e consciencioso das mesmas. Quanto aos sectores mais extremistas da população, que advogam a extinção sumária do prof. Freitas, esses não demoraram a explorar o caso: ao que consta, lançaram um concurso para eleger os melhores insultos ao homem, embora, previsivelmente, nenhum terá metade da força injuriosa de que o próprio é capaz.
Mas também há quem defenda o pleno direito do prof. Freitas a elaborar os disparates que entender, por excessivos que sejam, e o pleno direito da Imprensa em publicá-los. Este lado da barricada, que até o eng. Sócrates, não sem imensa relutância, acabou por integrar, opõe-se a qualquer forma de censura do pensamento, ou, de acordo com as circunstâncias, da ausência do pensamento. Isto é, o exercício da estupidez não pode ceder ao medo das respectivas consequências. É uma perspectiva plausível, porém arriscada: conforme lembrou um sábio, cujo nome me escapa, a liberdade sem limites não é liberdade, mas licenciosidade.
É por isso que, neste momento grave da nossa civilização, urge decidir se queremos uma sociedade livre e licenciosa ou uma sociedade livre do prof. Freitas e das suas asneiras. Temos uns meses para debater o assunto. Os meses que faltam para o Governo enxotar discretamente o MNE.
Alberto Gonçalves
CM - 22-03-2006
MNE - De Maria Rui e Maria Monteiro
Cunhas a Freitas
A ex-assessora de Imprensa de José Sócrates, Maria Rui, e a filha do ex-ministro dos Negócios Estrangeiros António Monteiro, Maria Monteiro, pediram pessoalmente a Freitas do Amaral para serem colocadas no estrangeiro. A revelação foi feita ontem pelo próprio ministro dos Negócios Estrangeiros no Parlamento, onde anunciou o fecho de embaixadas e consulados.
“Ambas [Maria Rui (grave é José Sócrates voltar a abrir uma inexplicável excepção, depois de já ter colocado a sua ex-assessora, Maria Rui, em Bruxelas, com um salário mensal na ordem dos 10 000 euros. Ou seja, os amigos do primeiro-ministro e dos seus pares estão imunes ao congelamento que o Governo anunciou como medida-chave para reduzir a despesa pública, comentava Rui Hortelão no CM de 6 de Dezembro) e Maria Monteiro (Com 28 anos de idade, a assessora de Freitas do Amaral vai ganhar um salário mensal da ordem dos nove mil euros, um valor muito superior aos 1200 euros auferidos, segundo o CM de 6 de Dezembro)] vieram ter comigo, a primeira porque já esteve no estrangeiro, a segunda porque queria ir para o estrangeiro, apresentaram os seus créditos e perguntaram se havia vagas”, afirmou Freitas. O ministro assegurou que a nomeação de Maria Rui para conselheira de Imprensa na REPER e de Maria Monteiro para adida de Imprensa em Londres foram feitas antes de saber que seria necessário demitir funcionários.
O ex-assesssor de Jorge Sampaio, João Gabriel, tentou, segundo Freitas, ser incluído na lista de conselheiros e adidos, mas “as verbas não foram tão avultadas como o esperado e teve de ser retirado”. Sobre a dispensa dos 48 conselheiros e adidos, disse que foi a forma “mais fácil” de reduzir a despesa. Atento às suas necessidades, vai atribuir um subsídio ao filho da conselheira de Haia, Isabel Martins, para terminar o ano escolar.
Ana Patrícia Dias
Com "amigos" destes... os emigrantes estavam "seguros"?
CM - 31-03-2006
Emigrantes
Freitas no Canadá
O ministro dos Negócios Estrangeiros, Freitas do Amaral, reconheceu ontem o direito do Canadá de expulsar emigrantes portugueses em situação ilegal, afirmando em entrevista à SIC Notícias que “não se pode levar a mal”.
CM - 25-02-2006
MNE: Freitas deverá promover este ano 405 profissionais
Promoções vão custar mais 1,5 milhões por ano
O ministro dos Negócios Estrangeiros deverá vai abrir este ano cinco concursos para a promoção de 46 vice-cônsules, 46 chanceleres e 313 técnicos e administrativos do quadro externo.
Estas 405 promoções irão custar ao Ministério dos Negócios Estrangeiros (MNE), segundo avançou ao CM o presidente do Sindicato dos Trabalhadores Consulares e das Missões Diplomáticas, Jorge Veludo, 1,5 milhões de euros por ano. Isto depois de Freitas do Amaral ter anunciado a poupança de sete milhões de euros com a demissão de 39 conselheiros.
Ana Patrícia Dias
CM - 16-04-2006
Diplomacia - dar subsídios é mais barato que ter embaixadas
Cônsules honorários levam 2,5 milhões
O ministro dos Negócios Estrangeiros atribuiu, em 2005, um subsídio de 2,58 milhões de euros a 61 cônsules honorários dispersos pela Europa, África, América do Norte e Latina e Oceânia. A esses homens de negócios que representam e servem de ponte entre Portugal e o seu país de origem em assuntos económicos, Freitas do Amaral concedeu uma verba que é 41 por cento superior ao total de 1,83 milhões de euros atribuídos pelos seus antecessores, Martins da Cruz, Teresa Patrício Gouveia e António Monteiro, nos três anos anteriores.
António Sérgio Azenha
CM - 22-04-2006
Suíça - Funcionários consulares acreditados como auxiliares de serviço
Chanceleres na limpeza
Os chanceleres nos consulados portugueses de Zurique e Sion, na Suíça, estão acreditados junto das autoridades daquele país como empregados de limpeza. De acordo com o Sindicato dos Trabalhadores Consulares e das Missões Diplomáticas (STCDE), o ministro dos Negócios Estrangeiros, Freitas do Amaral, e o embaixador de Portugal na Suíça, Eurico Henriques Paes, têm conhecimento da situação, mas até agora ainda “nada foi feito para resolver uma questão que se arrasta há vários anos e coloca em causa o trabalho do próprio consulado.”
José Luís Loureiro é chanceler em Zurique há 11 anos e desde então, segundo confirmou ao CM, é acreditado junto do departamento federal dos Negócios Estrangeiros suíço como “pessoal auxiliar de serviço”, categoria que corresponde aos empregados de limpeza.
O mesmo acontece com a chanceler de Sion, Rosa Paiva, que ocupa este cargo há cerca de 12 anos.
O presidente do sindicato, Jorge Veludo, revelou ao CM que a situação impede os chanceleres de cumprirem certos serviços e deveres, entre os quais “visitar um português detido.”
A isto, o chanceler de Zurique acrescentou o embaraço que a situação traz a Portugal: “Está em causa a dignidade do próprio consulado, de Portugal e de quem representa o País.”
O CM procurou obter uma resposta por parte do Ministério dos Negócios Estrangeiros, mas apesar das tentativas, até ao fecho desta edição não foi possível.
CM - 01-05-2006
Balanço: Ministro do Estado e dos Negócios Estrangeiros garante:
Não me considero morto
O ministro dos Negócios Estrangeiros manifestou-se ontem “satisfeito” com “alguns êxitos” que obteve num ano de Governo e mobilizado para continuar no Executivo liderado por José Sócrates, que considerou “muito determinado e muito corajoso”.
CM - 10-05-2006
Polémica: Ministro cumprimenta homólogo palestiniano
Direita quer Freitas a explicar saudação
Um aperto de mão entre Freitas do Amaral e o ministro dos Negócios Estrangeiros palestiniano, Mahmoud al-Zahar, durante a sua visita oficial aos Emirados Árabes Unidos marcou o regresso da polémica ao Palácio das Necessidades.
No passado domingo, o ministro palestiniano revelou ter tido um encontro com um ministro dos Negócios Estrangeiros da UE. Sem revelar o seu nome, Mahmoud al-Zahar considerou este encontro como um sinal de que o boicote político da UE ao seu Governo se está a quebrar. Ontem, fontes do Governo palestiniano voltaram a confirmar à agência EFE que foi Freitas do Amaral o ministro que se reuniu com o chefe da diplomacia da Palestina.
Convém não esquecerem mais esta...
CM - 02-07-2006
POLÉMICA AMERICANA
A embaixada dos EUA em Portugal garante não haver conflitos com o Governo português. Ontem, o CM noticiou que a gota de água para a demissão do ministro Freitas do Amaral foi uma discussão que teve com o embaixador Alfred Hoffman. Segundo fonte governamental, Freitas entrou em conflito com o diplomata dos EUA chegando ao ponto de lhe dizer que o “melhor” era “negociar directamente com o primeiro-ministro” porque o seu “tempo no Governo estava a acabar”. Em resposta à demissão de Freitas, o porta-voz da embaixada em Lisboa disse ao CM: “Não temos qualquer tipo de envolvimento no gabinete do sr. primeiro-ministro, portanto, não temos nada a comentar.”

A terminar, aqui vai a melhor... Depois da prometida poupança!
CM - 02-07-2006
MNE: Mais 47 funcionários para representar Portugal
Freitas reforçou equipa em Bruxelas
Freitas do Amaral, antes de se demitir do cargo de ministro dos Negócios Estrangeiros, ‘descongelou’ a afectação de 47 funcionários para a Representação Permanente de Portugal junto da União Europeia (REPER).