Vasco Graça Moura publicou este artigo de opinião que, com a devida vénia, transcrevo e subscrevo:
"Queiram ir bugiar"
Em matéria de letras gordas, o PS soma e segue. Já era de esperar que os socialistas reagissem como baratas tontas às críticas de Manuela Ferreira Leite quanto ao silêncio do primeiro-ministro sobre a insegurança crescente em Portugal.
Manuela sublinhou, e muito bem, que o primeiro-ministro tem obrigação estrita de se explicar perante o País ante um problema de tal gravidade.
A comunicação social que fez coro com as esquivas manipulatórias do PS só mostrou a que ponto já vai a iliteracia política entre nós, ao equiparar, como se fossem a mesma coisa, a opção táctica de Manuela, de só falar quando entender, e a obrigação óbvia que recai sobre o primeiro-ministro de se explicar com clareza perante o País quando isso se torna imperativo e urgente.
Portugal acabou por ganhar, neste mês de Agosto de 2008, a medalha de ouro das Olimpíadas do crime.
Assaltos a agências bancárias, a áreas de serviço nas auto-estradas, a ourivesarias no centro de cidades, a veículos de transporte de valores, homicídios, roubos de automóveis, gente encapuzada ou não mas bem armada, feitura de reféns, uso de explosivos e de armas proibidas, tudo isto, mais as rixas e rivalidades nas zonas problemáticas em que morre gente por dá cá aquela palha, se tornou o verdadeiro e azedo pão nosso de cada dia.
Nesse quadro são manifestas a impotência das autoridades que nos governam, a incapacidade das forças de segurança, a benignidade criminosa das molduras legais e algumas decisões processuais, atitudes e situações que se revelam de uma complacência inenarrável para com o banditismo.
O caso de Campolide já pôs a nossa esquerda festiva em alvoroço: para criticar os agentes da polícia há quem se ponha a equacionar vida humana e património bancário, como se a vida dos reféns não tivesse estado em sério risco e só a vida dos assaltantes contasse para alguma coisa. E vergonhosamente, alguma comunicação social mostrou-se logo preocupada em indagar das reacções dos familiares daqueles pobres cordeiros incapazes de fazer mal a uma mosca, assim atingidos pela boa pontaria da barbárie policial.
Ao ministro Rui Pereira continuam a ouvir- -se coisas de pasmar: em vez de se manifestar consternado por um pai se fazer acompanhar pelo filho de 13 anos na prática de um crime, do que resultou a morte do menor, evidentemente acidental, em consequência da perseguição a tiro pela GNR, limitou-se a dizer que "estava consternado", sem mais, deixando logo cair implicitamente todo um juízo de culpabilização sobre a GNR...
Por sua vez, o caso da carrinha da Prosegur é altamente intrigante. Nem seguia em condições de resistir a um ataque, nem as autoridades previram que um troço de auto-estrada sem câmaras de vigilância é particularmente idóneo para assaltos do tipo daquele que foi feito. E muito menos previram que as saídas para mudança de via poderiam ser utilizadas para uma fuga em sentido contrário... Então o que é que andam todos a fazer? Que raio de coordenação há entre a GNR, a concessionária, a transportadora, os especialistas de segurança nestas coisas?
Com isto tudo, há mesmo factos que proporcionariam saborosos exercícios de humor se não fossem dramáticos: ouviu-se há dias o ministro da Administração Interna anunciar, na televisão, a aquisição de vários milhares de novas armas de fogo para equipamento das forças da ordem.
Esqueceu-se todavia de acrescentar que depois, mesmo que venham a receber essas armas, as forças da ordem ficarão inibidas de usá-las na prática, tais as preocupações oficiais e oficiosas de se tratar o bandido como se ele fosse uma variante sem preço do bom selvagem, apaparicando-o quanto baste e até, se for caso disso, pedindo-lhe desculpa pelos incómodos causados.
Em matéria de segurança e tranquilidade públicas, de defesa da vida, da integridade física e de bens e valores patrimoniais, Portugal está a ficar podre. Este Governo está a ajudar ao apodrecimento. E ainda se quer que Manuela não interpele o primeiro-ministro por ele não dizer uma palavra sobre o assunto? Ora façam o favor de ir bugiar! "
Por acréscimo, deixo-vos esta notícia publicada hoje (28/08/08) no "Correio da Manhã":
Segurança: Chefe de Estado fala sobre onda de criminalidade violenta nas suas declarações em Odemira. "A onda de assaltos e crimes violentos que se tem vindo a verificar no nosso país é uma coisa muito séria. Todos nós esperamos que os criminosos não fiquem impunes", avisou Cavaco Silva, sugerindo concentração de meios e adequação de estratégias ao problema.
O Presidente da República mostrou-se ontem preocupado com a onda de criminalidade em Portugal
Tudo para que o País também não perca a sua imagem de um Estado seguro. "Os portugueses não podem deixar de estar ao lado da sua polícia, das suas forças de segurança, mas há que ter uma estratégia muito adequada para enfrentar uma situação destas, para que a imagem de um país seguro não seja alterada", alertou Cavaco Silva. O Presidente reconheceu, ainda, que "não há dias sem assaltos", o que pode implicar uma "adaptação da estratégia", leia-se, do Governo.
A promulgação de leis de segurança interna e de investigação criminal também foi abordada pelo Presidente. Que não encontrou razões para não promulgar.
Apesar da apreensão do Chefe de Estado, o primeiro-ministro optou pelo silêncio, remetendo para o ministro da Administração Interna, Rui Pereira, as explicações. Porém, a Oposição não tem dado tréguas. O PSD até exigiu a substituição de Rui Pereira e o quebrar do silêncio de José Sócrates.
PS RECUSA SUSPENDER FÉRIAS
O PS inviabilizou ontem uma comissão permanente extraordinária para discutir a insegurança a pedido do CDS-PP, por considerar que não há nada que justifique a convocação dos deputados antes do calendário já estabelecido. Os parlamentares estão de férias.
Há Comissão Permanente a 9 de Setembro para debater o assunto. O PSD está ao lado do CDS e o BE não se opõe à antecipação da reunião. O líder da bancada do CDS, Diogo Feyo, reage ao CM: "Sabíamos que a política do Governo era a de braços cruzados. Agora, vemos que é uma política de olhos fechados."
Ainda mais esta opinião:
"Governo da insegurança
Não vale a pena tentar passar por entre os pingos de chuva: a responsabilidade é política
Crime e mais crime todos os dias em telejornais e jornais: dependências bancárias, bombas de gasolina, carjacking, house jacking, estações de correios, homicídios... e a imensa sensação de insegurança.
Muito a despropósito, algumas vozes vêm atribuir a culpa aos órgãos de polícia criminal, às Magistraturas ou aos media. Desde um conhecido militante socialista (será por acaso?) ao responsável pelo Gabinete Coordenador de Segurança e Criminalidade – ao referir que os assaltos ao serem noticiados poderiam estar na origem de um eventual aumento destes crimes –, não há quem não sacuda culpas.
Nas penúltimas eleições legislativas perante o meu próprio Partido questionei as propostas eleitorais para a Justiça, por entender como desadequadas as propostas constantes do Programa Eleitoral. A questão da Justiça é estrutural numa Sociedade.
Ora, o responsável clarinho pela insegurança é o Governo. Não vale a pena tentar passar por entre os pingos de chuva: a responsabilidade é política, em particular dos Ministros da Administração Interna e da Justiça. Já todos se esqueceram da Lei Quadro de Política Criminal e da Lei que concretiza a Lei Quadro, não é? Basta lê-las. E ler a indicação do Governo de que não se deve usar a prisão preventiva. O autor material das ‘pérolas’ legislativas a que me referi foi o dr. Rui Pereira, hoje ministro da Administração Interna, à data no Ministério da Justiça e o responsável político, o ministro da Justiça. O responsável pelas libertações também é o Governo.
Esquece-se agora (convenientemente) de que os crimes que dão lugar a prisão preventiva impõem uma pena superior a cinco anos. Assim, não se podem prender preventivamentepessoas que cometeram crimes com penas inferiores a cinco anos. Os magistrados não podem propor a prisão preventiva ou decretá-la, senão nos termos da lei de política criminal. Todos concordaremos que a prisão preventiva é o último dos meios de coacção, mas para isso é preciso criar condições para que não haja repercussões negativas. Ora, desde logo, não se criaram meios para julgamentos imediatos.
E agora surge a Lei de Segurança Interna e Investigação Criminal, que impõe que se leve a sério o aviso da Associação Sindical de Juízes: só é mesmo viável em regimes totalitários e politiza – ainda mais – a investigação criminal.
Isto de reduzir mecanismos sem criar alternativas dá sempre nisto."
Paula Teixeira da Cruz, Advogada
in "Correio da Manhã"
Apenas alguns títulos aleatórios...
28 de Agosto - CM - "Lisboa: Vaga de assaltos à noite";
28 de Agosto - CM - "Levaram carro cheio de ouro";
28 de Agosto - CM - "Motards levam caixa";
27 de Agosto - CM - "Ourivesaria assaltada em Lisboa";
27 de Agosto - CM - "“Lembrei assalto ao BES”";
27 de Agosto - CM - "Roubados três bancos num dia";
26 de Agosto - CM - "Turista baleado em assalto na rua".
E de quem é a "culpa", afinal?
Segundo o ministro Rui Pereira (irmão do ex-Vereador da CMO, Arnaldo Pereira, bem diferente...), e o coordenador do Gabinete de Segurança e Criminalidade, é dos Jornalistas! De quem mais poderia ser?
Segundo eles, os Jornais prestam um mau serviço ao País, ao noticiarem casos criminais.
Caladinhos e "rosados", é que eles se querem...
Ora tomem!
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