É sobejamente conhecido o flagelo da sobrelotação nas prisões portuguesas (com o governo "socretino" a vender prisões para "encaixar" alguns milhões e a prometer a construção de nove novas unidades...), como é tambem sabido que centenas de ladrões, assaltantes e homicidas aguardam julgamento em liberdade, devido à inexistência de "vagas" nos estabelecimentos prisionais.

O novo Código de Processo Penal, que prevê (previa) prisão efectiva em caso de flagrante delito, é tábua-rasa e a sua aplicação ainda não se vislumbra.

Então, se não há lugar para os "nossos" presos, porque raio Luís Amado, ministro dos Negócios Estrangeiros, foi oferecer lestamente ao presidente dos EUA "alojamento" para os presos detidos (a maioria sem acusação ou julgamento) na prisão estado-unidense de Guantánamo?

Independentemente de ter tentado convencer os restantes 26 parceiros da União Europeia a seguir-lhe o "exemplo" (apenas a Alemanha ficou de "pensar no assunto"), e a menos que Amado queira "acolher" os detidos na sua própria casa (no que está no seu pleno direito), há três perguntas que se impõem de imediato:

1.ª - Quem pagará o transporte, alojamento e repatriamento para os países de origem?

2.ª - Se foram os norte-americanos (administração George W. Bush) a "meter água", porque não serão eles a ficar com a "batata quente"?

3.ª - Não tendo Portugal a capacidade, o poder militar e tecnológico para precaver-se de qualquer eventual atentado terrorista de retaliação, será que Luís Amado tem o direito de colocar em sério risco a segurança e o bem-estar do Povo Português, apenas para olhar e gostar do seu próprio umbigo?

Bom, mas isto sou eu a pensar em voz alta, já que, segundo certas sondagens, o MNE é o governante que mais tem concitado o agrado dos cidadãos lusitanos...

Como se tudo isto não bastasse, são agora os próprios norte-americanos a questionar a "qualidade" das prisões portuguesas e - pasme-se - o respeito pelos Direitos Humanos em Portugal.

De facto, já nada me surprende!

Espanha, infelizmente bem conhecedora da realidade dos ataques terroristas, é que não vai nisso:

in "Diário de Notícias"