Segunda-feira, 14 de Abril de 2008
"Aponte você..." (parte 2)

No passado dia 10, escrevi o seguinte: "o poder caiu na rua". Hoje, passo a explicar!

Penso que nunca, como até hoje, um governo cedeu e recuou tanto, perante o mal-estar e as manifestações dos cidadãos, fossem eles professores, funcionários públicos, polícias, militares, utentes do Serviço Nacional de Saúde, etc. Governar, não é isto, apesar do "lado positivo" da situação, isto é, das razões que assistem a quem protesta.

A pergunta que nos devemos colocar é: porquê os protestos?

No essencial, abordo hoje o problema da "TTT - Terceira Travessia do Tejo".

Faço-o, na qualidade de simples cidadão eleitor e pagante de impostos, não no papel de engenheiro ou especialista na matéria - que não sou! Apenas e só porque este "desnorte" a que todos assistimos me deixa perplexo, preocupado e estupefacto.

Tentarei ser sucinto, para não vos maçar, usando sobretudo imagens elucidativas da minha linha de pensamento!

Quando o sr. Pinto de Sousa estava cheio de "certezas" acerca do Aeroporto na OTA, deixou "bem claro" que a TTT iria ligar Chelas ao Barreiro; Depois, fez-se silêncio.

Esfumadas as "certezas", os srs. Pinto de Sousa e Mário "jamais" decidiram, aceitaram e quase aplaudiram a nova localização do Aeroporto em Alcochete! Primeira preocupação pelo "desnorte".

Todavia, parecia ser consensual a construção de uma terceira ponte sobre o Tejo, surgindo de imediato três ou quatro opções.
Eu próprio, a 12 de Fevereiro, dei a minha "contribuição" sarcástica, AQUI.

A 3 de Abril, o (des)governo socretino escolhe a opção Chelas-Barreiro "com base no estudo comparativo do LNEC", cuja obra se iniciará em 2010;

O aparentemente indiscutível LNEC, parece ter sido condicionado a, rapidamente, aprovar a ligação entre Chelas e o Barreiro. Pinto de Sousa "dixit...", há que obedecer;

A secretária de Estado dos Transportes, Ana Paula Vitorino, a 6 de Abril, considera que o processo que levou a esta opção "foi bem conduzido e nega ter feito qualquer tipo de pressão quando avisou que a outra solução poderia provocar atrasos e perda de apoios comunitários";

Por seu turno, Carlos Fernandes, administrador da RAVE- Rede Ferroviária de Alta Velocidade, admite a 17 de Março, que "uma eventual mudança de corredor para o projecto Terceira Travessia do Tejo poderá provocar um atraso de três anos na proposta para a ligação ferroviária do TGV."

Começam a ser demasiadas "coincidências" e, pelo caminho, ficam os defensores da opção Beato-Montijo... (como a CIP, que acabou por ter razão na localização do novo aeroporto), com outros (incluindo distintos socialistas e ex-socialistas) a fazerem coro com o impacte ambiental/visual e o excesso de trânsito que a opção defendida pelo (des)governo iria "despejar" em Lisboa!

Ao que consta, "se o novo aeroporto de Lisboa for em Alcochete, a terceira travessia do Tejo deve ser construída no eixo Beato-Montijo, permitindo uma redução de 30 a 40% dos custos", conclui o estudo da Confederação da Indústria Portuguesa.
"A travessia neste local [Beato-Montijo] traz uma melhor ligação ao novo aeroporto de Lisboa (NAL) no Campo de Tiro de Alcochete (CTA), mantém a boa ligação a toda a rede de suburbanos existente e penaliza somente em cerca de um minuto a ligação entre Lisboa e Barreiro, face à opção por Chelas-Barreiro", lê-se no estudo encomendado pela CIP.

Muito mais e melhor do que eu, todos estes "técnicos" e "experts" saberão do que estão a falar.
Eu, como simples e mortal cidadão pagante, sem nada contra quem vive e trabalha na margem Sul do Tejo, tenho alguma - diria mesmo, muita - dificuldade em entender esta fobia pela ligação Chelas-Barreiro. Baseado em quê? Apenas e só nestas imagens obtidas no Google Earth! E nem me atrevo a discutir se a ponte (fique ela onde ficar) deve ser ferroviária, rodoviária ou rodo-ferroviária...

 

(Base Aérea de Montijo e Montijo)

 

(Base Aérea de Montijo, Montijo e Alcochete)

 

(Chelas-Barreiro - com a BAM, Montijo e Alcochete)

 

(Beato-Montijo)

Façamos, então, um simples exercício, imaginando uma linha recta a unir dois pontos, como nos ensinaram desde a Escola Primária. Qual é, nestes exemplos, a mais apropriada? Difícil? Acho que não! 

O difícil, é saber quanto custará realmente cada uma destas opções (Beato-Montijo ou Chelas-Barreiro), tendo em conta a localização do futuro Aeroporto em Alcochete!?!?!?

Sempre convém lembrar também, que a "derrapagem" dos custos do TGV já vai em 40% acima da previsão inicial e ainda nem se sabe ao certo onde e qual vai ser o trajecto definitivo!

Cá para mim, esta "certeza" sobre a TTT ainda não será definitiva! Já vi tantos recuos...

Como estes, por exemplo:

"Sócrates diz ser cedo para descer impostos

O primeiro-ministro, José Sócrates, afirmou esta segunda-feira ser ainda cedo para se falar em descida de impostos, alegando que o Governo terá avaliar o impacto da crise financeira mundial e a evolução da economia portuguesa em 2008.", in "CM" de 10 de Março;

"IVA desce um por cento

O primeiro-ministro, José Sócrates, anunciou esta quarta-feira a redução do IVA (Imposto sobre o Valor Acrescentado) de 21 para 20 por cento, passando a vigorar a partir de Julho deste ano.", in "CM" de 26 de Março, passados apenas 16 dias...

O sr. Pinto de Sousa tem tantas "certezas", mas tantas, que até se "atreve" a desmentir as piores previsões do FMI e mesmo do seu camarada presidente do Banco de Portugal, afirmando que, em Portugal, "a crise está ultrapassada".

Faço coro com o Jornalista António Ribeiro Ferreira, que, no "CM" de 7 de Abril, termina um seu artigo, escrevendo o seguinte:

"No meio desta loucura galopante, de tanta asneira e de muita conversa verdadeiramente da treta, valha--nos, nesta Primavera de 2008, a certeza de que vamos ter muito betão, muita obra pública, alta velocidade, um novo aeroporto e mais quatro anos com José Sócrates a dirigir os destinos desta desgraçada Pátria."

Felizmente, Jorge Coelho vai assumir a presidência executiva da empresa construtora Mota-Engil... e até Luís Filipe Menezes está de acordo: "o líder do PSD defende que quem exerceu funções públicas tem todo o direito, depois de as abandonar, a 'seguir o seu caminho'. 'Não devemos aumentar a blindagem do regime de incompatibilidades, o que é preciso é assumir com clareza quais são os interesses de cada um', afirmou Luís Filipe Menezes, que considerou Jorge Coelho um 'homem de grande carácter que merece muito respeito'".

Ora nem mais, visto que se trata dos "interesses de cada um"!



Publicado por rui.freitas às 03:21
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