Sábado, 24 de Novembro de 2007
da UE caíu uma estrela...

Bastava ao leitor reparar (e votar, também) na sondagem/inquérito existente no lado direito deste "blog", para saber qual a minha opinião sobre o Sim ou Não ao Referendo sobre o Tratado de Lisboa (da UE). Fui o primeiro a votar e, claro: votei SIM AO REFERENDO!

Por diversas razões, sendo uma delas a coerência com o compromisso eleitoral do PSD para com os eleitores.

Que o Partido Socialista tenha - mais uma vez e como é habitual - "metido o Referendo na gaveta", o problema é entre esse partido e a sociedade portuguesa.

Não consigo é perceber porquê o Partido Social Democrata lhes segue agora as pisadas...?

Por aquilo que ouço e leio, há muita gente atarefada a querer "explicar-nos" duas coisas (e apenas duas) que consideram "essenciais": "as mudanças não irão afectar os cidadãos... antes introduzir melhorias nas suas vidas" e "este Tratado (de Lisboa) é uma simples continuidade dos anteriores".

Se é assim tão "simplex", porque não "perderam" um pouco mais de tempo a "explicar-nos" as "letras miudinhas"? Nessas, é que costumam estar (e estão) as "rasteiras" ao Zé Pagante!

Só para "refrescar" a memória de alguns "esquecidos", aconselho vivamente uma visita aqui:

(http://www.portugal.gov.pt/portal/pt/governos/governos_constitucionais/gc17/documentos/doc_programa_governo_17.htm)

Trata-se, nem mais nem menos, do Programa do XVII Governo Constitucional que, no seu Capítulo V - Portugal na Europa e no Mundo, refere claramente a dado passo (2. Portugal na construção europeia), o seguinte:

"No curto prazo, a prioridade do novo Governo será a de assegurar a ratificação do Tratado acima referido. O Governo entende que é necessário reforçar a legitimação democrática do processo de construção europeia, pelo que defende que a aprovação e ratificação do Tratado deva ser precedida de referendo popular, amplamente informado e participado, na sequência de uma revisão constitucional que permita formular aos portugueses uma questão clara, precisa e inequívoca."

Afinal, isso é "coisa do passado" e já não interessa!

 

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Pela sua oportunidade, atrevo-me a reproduzir aqui, com a devida vénia ao autor, a "Carta do Editor" da mundialmente famosa Revista "Selecções do Reader's Digest", José Mendonça da Cruz, edição portuguesa de Dezembro de 2007.

E que começa assim:

"Mas alguém lhe pediu opinião?

António Barreto, o nosso entrevistado, tem, juntamente com a inteligência e em razão dela, um grande pudor dos juízos categóricos. Mas ao pensar as debilidades do nosso sistema político não deixa de apontar o dedo ao Parlamento e a uns deputados que as direcções partidárias querem passivos e como «burros de orelhas a abanar».

No dia 13 de Dezembro será assinado pelos 27 Estados-membros da União Europeiao Tratado de Lisboa. Nos termos desse tratado, acabam as presidências rotativas como esta que tivemos, sendo eleito um presidente europeu. Perde poderes a Comissão Europeia (onde deixamos de ter direito a um comissário), ganham poder o Parlamento (onde perdemos 2 dos nossos 22 deputados) e o Conselho. As votações, passam a ser feitas por maioria (ponderando o número de Estados-membros e respectivas populações) e Portugal perde o direito de veto em questões que firam o seu interesse vital. Segurança, Defesa Nacional e Política Externa são esvaziadas de conteúdo, e o centro de decisão será Bruxelas.

Não sabia disto? Se não sabia, é porque não foi informado. Como jornalista, tenho especial obrigação de sublinhar isto: a cobertura noticiosa das negociações do tratado foi uma vergonha. Decidindo não informar, optando pelo nojo a toda a objecção, recreando-se em impertinências e desdém contra os países que defenderam os seus interesses nacionais (Polónia, Itália, Espanha, Inglaterra, que, aliás, conseguiram, todos eles, ganho de causa), a generalidade da comunicação social salivou por esse provinciano triunfo de ter o nome da capital num documento internacional, andou de braço dado com o Governo e sorriu para a fotografia. Fique, portanto, registado o momento: no dia 13 de Dezembro, nos Jerónimos, será assinado um tratado intitulado de Lisboa, negociado sob a presidência portuguesa, durante o governo Sócrates, e nos termos do qual é retirada a Portugal a mais substancial fatia de soberania.

É verdade que a União Europeia ganha alguma operacionalidade a curto prazo, e é verdade que nos vêm mais fundos e que o leitor pode concordar ou discordar do tratado. Mas ninguém lhe perguntará nada. O Governo e o maior partido da oposição acham bastante perguntar aos deputados. Se a promessa do referendo for quebrada, já sabe como Governo e oposição preferem ver-nos: de orelhas a abanar."

 

E agora, ainda acham que "contamos" para alguma coisa?

Pelos vistos, poucos se preocupam, dada a escassa participação na sondagem/inquérito aqui colocada... 38 votos, até hoje (30 pelo SIM e 8 pelo NÃO).

 

(Aconselho também - vivamente - a leitura da entrevista concedida por António Barreto, nesta mesma edição - págs. 66 a 75. Acutilante, como sempre!)



Publicado por rui.freitas às 01:39
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